Essa reportagem foi retirada da revista NOVA ESCOLA
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/monteiro-lobato-criador-mundo-fabuloso-634267.shtml
MONTEIRO LOBATO, O CRIADOR DE UM MUNDO FABULOSO
No dia de seu
aniversário, 18 de abril, comemora-se o Dia Nacional do Livro Infantil. Apenas
uma mostra da importância da obra e da criatividade de um dos maiores gênios da
literatura brasileira
Ricardo Ampudia (novaescola@fvc.org.br)
Monteiro Lobato: precursor da literaturainfantil brasileira no século 20
Nenhum autor é tão
representativo da literatura infantil brasileira do século 20 quanto Monteiro
Lobato. Seu primeiro livro para crianças, A Menina do Narizinho
Arrebitado, foi publicado em 1920 e, desde então, sua fantasia já
atravessou décadas e segue para a terceira geração de leitores, em várias
re-edições e até adaptações para a televisão, do mundo hiperrealístico do Sítio
do Pica-pau Amarelo.
Nesse lugar
fantástico acontecem as aventuras de Narizinho e Pedrinho na companhia de
Visconde de Sabugosa, um sabugo de milho que era um sábio, Emília, uma boneca
de pano falante, Quindim, um rinoceronte domesticado e Rabicó, um porco com
título de marquês. Tudo sob a tutela de uma ama negra superprotetora, Tia
Nastácia, e de Dona Benta, a avó das crianças. Vislumbrado pela literatura
infantil mundial, Lobato fez também Peter Pan, Alice, personagens da mitologia
e até o Gato Félix passearem pelo Sítio.
Por meio de linhas
inventivas ou críticas, o escritor retratou um Brasil cultural e socialmente
atrasado e, ao mesmo tempo, deixou-se também levar pela fantasia do imaginário
infantil, no qual criou seu maior legado à literatura brasileira: a
possibilidade de criar o impossível.
Biografia
Biografia
Nascido em 18 de
abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba (interior de São Paulo), José
Renato Monteiro Lobato - que, mais tarde resolveu mudar sou nome para José
Bento Monteiro Lobato - já demonstrava gosto pela leitura e pela escrita desde
os tempos de escola, escrevendo para jornaizinhos acadêmicos quando
adolescente.
Perdeu o pai aos
15 anos e a mãe, aos 16. Seguindo a vontade do avô, concluiu os estudos e
cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo.
Foi nomeado
promotor público na cidade de Areias, no interior do estado, mas não exerceu a
função por muito tempo. Após a morte do avô, mudou-se para Buquira (hoje
Monteiro Lobato), para morar em uma fazenda que herdara.
Ali iniciou sua
projeção como grande escritor. Com base em personagens reais, criou o mundo
fantástico do Sítio do Pica-Pau Amarelo e fez a denúncia da exclusão social com
artigos para o jornal O Estado de S. Paulo. Esses textos, protagonizados pela
figura de Jeca Tatu, formariam seu primeiro livro Urupês, em 1918.
Entediado com a
vida na fazenda e sem o rendimento esperado, vendeu a propriedade e comprou a
Revista do Brasil, abrindo espaço para novos nomes da literatura mostrarem seu
trabalho. Com o grande fluxo de trabalhos, o negócio cresceu e virou editora,
mas fechou as portas anos mais tarde, em 1925, devido à crise da indústria
nacional e clima político instável da época.
Após um breve
período nos Estados Unidos a serviço do governo de Washington Luís, voltou para
o Brasil e iniciou uma luta em defesa do petróleo e do ferro com forte cunho
nacionalista e crítico ao governo de Getúlio Vargas, o que lhe rendeu três
meses na cadeia em 1940, além da apreensão e destruição de algumas obras à
venda.
Em meio a um clima
político pesado e sob a censura, Monteiro Lobato se aproximou dos comunistas
liderados por Luís Carlos Prestes. Foi à Argentina lançar alguma de suas obras
e voltou ao país em 1947. Faleceu no ano seguinte, aos 66 anos, vítima de
um derrame, deixando como herança mais de 30 livros publicados, uma obra
reverenciada até hoje.